Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
O que mais me preocupa nela é a rebeldia. Nem sequer me quis dizer o que viu, como será o futuro, se seremos bem-sucedidas. Não percebe que todos temos que fazer sacrifícios para atingir os objectivos. O meu sacrifício foram os choques eléctricos, contínuos, que me deixavam tonta, mas que de certa forma me aumentar
a capacidade de ver não só o passado, mas saber que mensagens o passado tem para nós.
Há uma mulher na nossa pequena cela. É ela que me conta as histórias deste lugar imundo, que me revela os seus segredos para que consigamos fugir no futuro.
E se ela tiver que se casar com ele? Qual é o problema? Fugimos depois!
Olhou-me com ódio, como nunca lhe tinha visto. Mas não importa, eu hei-de vingar-nos às duas. Ela é a que sente mais. Sente tudo, nela as emoções são mais fortes. Descontroladas até.
A minha raiva…o meu ódio é uma lâmina de gelo que os há-de esventrar a todos!
Os nossos pais vêm amanhã…e, neste momento, já não consigo sentir um pingo de amor por eles. Nem sequer pela mãe, que nos penteava os cabelos, que nos contava histórias à lareira enquanto bebíamos chá quente nos dias de Inverno.
Ela nunca nos amou. Ou se amou, esse amor foi morrendo devagarinho, à medida que nós revelávamos as nossas visões. A última vez que nos viu, saiu a correr, deitando-nos um último olhar como se fossemos monstros.
A mulher de cabelos desgrenhados que se senta no canto da nossa cela mostrou-me onde escondeu uma faca antes de morrer.
É com ela que lhe vou cortar a garganta quando ele lhe tentar tocar. Vamos ficar as duas, de mãos dadas, a ver o sangue escorrer-lhe do pescoço, os olhos de pânico a sentir a vida a escapar-se-lhe e a boca quando soltar o último suspiro.