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Eu e o boyfriend fomos tratar de umas coisas porque ele viaja amanhã.
Fizemos uma pausa numa esplanada para tomar café e aproveitar o solzinho junto à praia.
Na mesa ao lado sentam-se umas miúdas com vinte e poucos aninhos.
E pronto! Lá vem a puta da conversa!
Que as miúdas parece que estão cada vez mais giras, e que aquela tem muito "bom ar", e mais isto e mais aquilo.
A teoria dele é que é tudo "empírico"! Que é preferível dizer estas coisas à minha frente do que nas minhas costas...
Mas quem é que disse aos homens que nós queremos ouvir estas coisas? Ou que falem connosco como falam com os amigos?
Eu nem sequer quero saber das mulheres com quem ele andou! Prefiro esta santa e pacífica ignorância do que, quando estou furiosa com ele, me venham essas imagens gráficas à memória!
Enquanto ele continuava com a conversa "puramente teórica", à qual eu respondia sempre com uns eloquentes "hum, hum.", desfila-me pelos olhos, protegidos pelas lentes dos óculos de sol, um traseiro bem delineado metido nuns skinny jeans.
Ora o belo do traseiro parqueou-se na mesa da frente, estratégicamente voltado, não para o mar, mas na direcção de Cascais.
O perfil prometia e, quando tirou os óculos de sol, surgiram uns olhos azuis que confirmaram a suspeita: o rapaz era "aleijadinho de bom".
E lá continuámos a tomar o nosso café, eu a responder de maneira inteligente ao discurso com interjeições do mais seco possível e, por detrás das lentes a admirar a fabulosa paisagem que se sentou à minha frente!
No meio disto tudo, eles esquecem-se que nós também temos olhinhos e não estamos mortas!