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ESCANDALEIRA PARTE 1 - OS ANJOS DE CHARLIE
Na semana passada, na Conferência Internacional dos Media, que decorreu no Estoril, o presidente da Associação Portuguesa de Imprensa, João Palmeiro, teve umas brincadeiras menos próprias com jornalistas do sexo feminino, e um dos temas centrais da conferência era a igualdade na profissão. É certo e sabido que a descriminação salarial afecta até a comunicação social. A brincadeira foi filmada por um jornalista estrangeiro (do sexo masculino) e espalhou-se pelas redes sociais.
Quando leio notícias dou sempre um desconto de 50%, como também escrevo, sei perfeitamente que por muito que tente, a coisa sai sempre com a minha perspectiva, e eu gosto de tirar as minhas próprias conclusões!
Posto isto, fui ver o vídeo.
Sabem aquela coisa do constrangimento alheio? Foi o que senti.
Não só foi o senhor completamente inapropriado com a brincadeira, mas também me senti envergonhada com o nível miserável do inglês do presidente da associação de jornalistas. É ver o vídeo e ouvir o senhor repetir diversas vezes "Sanquiú!"...que é como quem diz "Thank You"!
Tive que dar a mão à palmatória e admitir que de facto o senhor não só fez uma figura ridícula como também envergonhou o país!
Podem ler aqui a notícia do Observador, para perceberem a parte dos Anjos de Charlie.
ESCANDALEIRA PARTE 2 - NOTÍCIAS & IMPLANTES MAMÁRIOS
Aparentemente houve um humorista (que não consegui perceber quem foi) que abriu a conferência e disse uma piada que foi acusada de machismo: "In my opinion news are like breasts, the most appealing ones are fake!" (Na minha opinião as notícias são como as mamas, as mais atractivas são falsas!).
Ora bem, em vez de se chatearem com o aspecto machista da coisa, não era de se chatearem mais com o fundo verídico da piada?
A comunicação social está a passar por uma crise sem precedentes...os jornalistas são uma classe em vias de extinção numa era da liberalização da comunicação.
Ou seja, os blogs, o Twitter e o Facebook vieram estragar tudo!
A situação está a agudizar-se de tal forma que a melhor maneira de a explicar é descrever uma situação que aconteceu há uns dias. Fui a uma apresentação com uma colega e, como já tínhamos visto todos os produtos novos da marca (e como parecia mal irmo-nos logo embora), sentámo-nos numa mesa a beber um sumo. Passados uns minutos, estávamos rodeadas de jornalistas de outras publicações, que se sentaram na mesa ou perto dela.
Quando olhei melhor, estavam as jornalistas de um lado e as bloggers do outro!
Não sou jornalista. Sou daqueles casos raros, que trabalha na comunicação social há muitos anos, uma designer que chegou a directora adjunta de uma revista. Uma bizarria!
Ser jornalista já não é aquela profissão glamorosa que costumava ser...pelo contrário!
É daquelas profissões que paga para trabalhar, têm que pagar a carteira profissional de jornalista à associação, que não se sabe muito bem para o que serve. Depois, os miúdos saem das faculdades cheios de sonhos e arranjam logo um estágio profissional....pois!
Como as empresas de comunicação social estão em crise, é hábito abrirem-se estágios profissionais (subsidiados pelo estado, leia-se, por todos nós!) e quando acaba o estágio mandam os miúdos para a rua! Já não se contratam profissionais com experiência, a comunicação social tornou-se numa máquina de triturar recém-licenciados!
Com a globalização e a internet, a comunicação social perdeu relevância, ganhou como concorrente o cidadão comum munido com um smart phone ou um computador com acesso à net, e luta diáriamente por um lugar ao sol num mar de notícias verdadeiras e menos verdadeiras, os jornalistas têm menos influência que os bloggers e andam todos aos papéis (quer a nível nacional, quer a nível internacional).
Portanto, mostrarem-se ofendidos pelo facto de compararem notícias a mamas falsas demonstra a falta de inteligência destes profissionais da comunicação social (estrangeiros, por sinal!), que falharam em perceber a verdadeira mensagem da piada: o declínio da profissão de jornalista!