De Pedro a 22.07.2015 às 17:30
Boa tarde,
antes de mais, parabéns pela coragem para falar deste tema na primeira pessoa. É raro, mas faz bem à discussão sobre a questão da IVG.
Estive a ler mais alguns posts sobre a nova lei que vai, previsivelmente, ser aprovada no parlamento, e infelizmente não fiquei com a impressão que a consulta obrigatória tenha em vista o bem-estar e a autonomia das mulheres.
Não parece ser, aliás, apenas uma consulta. A lei fala em acompanhamento psicológico, o que sugere algo mais do que apenas sentar-nos com um médico e discutir o ato médico em causa.
A ser este o caso, é algo que me causa estranheza. Como homem adulto não me imagino a ser obrigado a falar com um terapeuta ou um psicólogo sobre um ato médico que tenha decidido realizar de livre vontade e mente informada.
É por isso que penso que esta proposta nos deve fazer pensar sobre o que está aqui em causa nestas novas propostas. A mim, parece-me tratar-se de uma tentativa dissimulada de diminuir um direito e, pior, a autonomia e dignidade de quem o decide exercer.
a mim também me parece. mas tenho alguma fé nos profissionais de saúde, e esperança que estejam acima de "politiquices".
o pior daquilo não é tomares a decisão, que normalmente é pensada e é racionalizada, é o depois. pensares se tomaste a decisão certa ou não, o que aconteceria se tivesses tomado outra...não é fácil, apesar de no meu caso ter sido em grande parte por motivos de saúde.
De mara a 23.07.2015 às 15:33
Concordo absolutamente com a despenalização do aborto.
Penso tb que a decisão deve ser da grávida.
Se ela optar por pedir ajuda, deve ser-lhe disponibilizada.
Mas não concordo que a despenalização implique que a IVG seja oferecida e paga integralmente pelo estado. Os exames de rotina e eventuais ecografias devem ser pagas pela comunidade, como a todas as grávidas, mas os exames cujo objectivo é o aborto devem ser custeados pela grávida. Não me parece correcto que um qualquer doente, quer possa, quer não, seja obrigado a pagar taxa moderadora, enquanto que nestes casos sejamos todos a pagar~lhes.
concordo com a despenalização, mas cada um que pague pelas suas decisões. Também não é crime comer arroz, mas cada um paga o seu.
é por isso, que quando tomei a (penosa) decisão de o fazer, fiz numa clínica privada.
por muito que me tivesse custado, porque sempre achei que ía ter pelo menos 2 filhos, mas entre o meu filho ter um irmão, ou ficar sem a mãe....preferi não arriscar a minha vida.
De mara a 23.07.2015 às 20:12
O aborto para salvar a vida da mãe ou por malformação grave ou incompatível com a vida do feto, não são considerados IVG, mas sim IMG (interrupção médica da gravidez), proposta pelo médico e aceite pela mãe, depois de informada da situação. A IVG é proposta pela grávida
Eu fiz uma IVG. Eu podia ter levado a gravidez a termo, mas isso implicava ficar de repouso e comprometia a minha carreira profissional. Não tinha capacidade nem vontade de passar por tudo outra vez.
Não voltar a ser mãe é uma decisão que tomei há muito tempo, e não há ninguém que me obrigue.
De mara a 23.07.2015 às 21:01
Concordo plenamente contigo, tanto mais quefoi numa clínica privada. Só não concordo que seja o erário público a pagar as IVGs que deviam ser privadas
Nesse caso voltamos ao mesmo, mulheres a morrerem por causa de abortos feitos por não profissionais.
Vai passar a ser o quê? Seguro só para quem pode pagar?
Nessa perspectiva também não temos que pagar por medicamentos para o HIV, deriva do mesmo, ou não?
De mara a 24.07.2015 às 09:42
Provavelmente não me fiz entender. Não advogo que as IVGs sejam feitas por não profissionais e penso que esses profissionais devem sempre ser médicos especialistas de obstetrícia. Qualquer IVG feita fora deste âmbito é crime. Portanto não vejo que isso aumente o risco, quer seja no privado, quer no público. Mas, não nos esqueçamos, o risco existe e é mais alto do que aquilo que as pessoas pensam!
Quanto aos seguros ou à necessidade de riqueza também não me parece justificação razoável já que os comprimidos, geralmente, utilizados para o efeito são extremamente baratos e pagar uma consulta parece-me ser o mínimo de responsabilidade que caberia à grávida.
A SIDA é uma doença, hoje crónica, e como noutras outras doenças que se podem contrair de modos muito diversos, deve ser paga pelos impostos da comunidade. Não me parecem situações comparáveis. Em portugal o tratamento da SIDA é gratuito, contrariamente a outros países, mesmo na Europa, de tal modo que há doentes estrangeiros que se mudam para cá de modo a fazê-lo de graça!
Os nossos impostos devem ser para pagar tratamentos de doenças.
As opções, legítimas, de cada um devem ser privadas.
Portanto, voltamos ao mesmo: quem não pode pagar, vai cair às mãos dos curiosos...ou achas que isto não é uma oportunidade de negócio?
Eu fui pró privado porque na altura não queria fazer raspagem, e só no particular é que faziam aspiração. Agora não sei, confesso.
O que me aconteceu a mim foi um método anti-concepcional que não funcionou...aquela pequena percentagem.
Mas, o que tu dizes é, se um comportamento de risco, andar a dormir com toda a gente sem protecção e contraír SIDA, tem mais direitos que uma mulher que engravidou por acidente? Posso puxar dos mesmos argumentos, porque é que eu tenho quer pagar o tratamento a uma pessoa que teve um comportamento de risco?
E já agora, pordemos incluir todas as DST's....
De mara a 24.07.2015 às 17:04
Eu não consigo comparar um aborto voluntário (e repara que não sou contra o aborto, penso que as pessoas devem ser livres de fazer o que bem quiserem) com a Sida ou com outra qualquer doença. A sida não se apanha só quando há promiscuidade, pode contrair-se de muitos outros modos, mas não deixa de ser uma doença. Senão tratarmos as doenças então não seria necessário fazer descontos para o SNS. Do mesmo modo que devemos tratar um traumatismo craniano pós acidente, quer o doente seja inocente ou culpado do acidente. E até aceito que paguemos o tratamento de qualquer patologia pulmonar a fumadores, que sabiam ter um risco aumentado. Mas isto é doença.
As IVG podem ser feitas através de comprimidos tomados oralmente, por via vaginal, por curetagem ou por curetagem aspirativa, sendo por vezes necessário recorrer a mais do que um destes métodos.
Não consigo entender a IVG como uma doença que deva ser paga com os impostos de todos.
Parece-me uma opção privada, provavelmente quase sempre com a grávida cheia de razões para o fazer, mas privada. e como tal deve ser tratada
Nem se engravida só porque se foi descuidado...há as vítimas de violação.
Mas o resultado final aqui é o seguinte: deixaram de morrer mulheres por causa de abortos. Isso é que é importante.
Se se criarem dificuldades, voltamos a ter abortos clandestinos, e pior, a baixo preço.
É isso que queremos?
De zé a 27.07.2015 às 16:07
Tenho uma dúvida que não consigo resolver. Concordo e aceito que cada mulher possa decidir livremente pela IVG ou por continuar com a gravidez e ter o filho. Neste último caso, esse filho, segundo a lei portuguesa, tem que ter um pai que lhe dê o nome, que o assuma como filho. Assim, a mulher pode interromper a gravidez, mesmo que o pai o não queira. Se o pai pretender que se faça uma IVG e a mãe não quiser, ele será obrigado a assumir o filho! Não me parece uma lei equitativa. Neste caso o pai não devia ser obrigado a assumir um filho que não pretendia que tivesse nascido.
parece-me uma questão que também deveria ser ponderada.
Concordo plenamente. Esta decisão tem que ser tomada a 2. Até porque tenho um filho adolescente e que não está em idade de assumir seja o que for (hipoteticamente), ele nem consegue tratar dele em condições, quanto mais de uma criança.
Isto sim, é uma questão importante a debater...sabemos bem que há mulheres que engravidam para "agarrar" homens!
Não me parece que te tenhas feito entender,e mais, parece que ainda tens que maturar algumas ideias. As grávidas não pagam nada, nem consultas nem exames referentes à gravidez, e foi assim que se reduziu drasticamente a mortalidade infantil. A gravidez é tanto opção ou não como contrair o HIV. Haverá quem tenho sido por negligência como por outras razões. Falar sem recurso a estatística é estares a gastar latim. O HIV fica em milhões ao estado, a ivg nem perto disso e os valores globais estão a reduzir. Nos dois casos estamos a falar de saúde pública e reduzir a taxa de mortalidade. Aqui estão a entrar crenças, coitadas dos que contraem HIV que foi sem querer, e quem engravida é porque quer. Não corresponde à verdade, há de tudo, como na farmácia.
De Zé a 28.07.2015 às 15:57
A gravidez pode "contrair-se" voluntária ou involuntariamente, tal como a SIDA, a hepatite ou até uma perna partida, mas enquanto que estas são doenças a outra é uma gestação! Não são, de modo nenhum comparáveis ou passíveis de meter no mesmo saco. Para o tratamento das doenças todos, ou pelo menos muitos, descontamos dos nossos vencimentos. Para a IVG, sendo voluntária e não doença, cada um deve pagar a sua.
voltamos então ao antigamente...é muito fácil para os homens falarem! A maior parte vira as costas e está o problema resolvido...seja a uma mulher grávida, seja a um filho!
De ze a 28.07.2015 às 16:44
Não me parece que tenha razão.
Felizmente a grande, grande maioria dos pais nunca vira as costas às mães e muito menos aos filhos.
Parece-me que está a generalizar com base numa minoria que felizmente é verdadeiramente minúscula e que se calhar por isso não merecia que se perdesse tanto tempo com ela
ai sim? então vou fazer um post sobre o assunto....e vamos ver as histórias, sim? quer saber quantas das minhas amigas é que estão a passar por isso?
pais que se estão nas tintas? pais que não pagam pensão de alimentos? há pelo menos aqui no burgo 2 advogadas, vamos ver as histórias que elas têm para contar....
De Anónimo a 28.07.2015 às 18:16
Não tenho particular interesse em saber quantas das suas amigas estão a passar por isso. Provavelmente tantas como as minhas amigas ou as de outro alguém. Sei que cada caso é importante e deve ser tratado como tal. Mas felizmente são muito mais os filhos queridos e amados pelos pais e a viver em famílias estruturadas do que os não queridos.
Também tenho que reconhecer que são estes, os não queridos, que, merecendo tanto quanto os outros, requerem mais do nosso interesse e ajuda e é neles que nos devíamos focar. Mas não devemos esquecer os que estão bem integrados, que têm os mesmos direitos.
há qualquer coisa errada nas contas...se anualmente há 70 divórcios para cada 100 casamentos....não me parece que haja assim tantos casamentos de sucesso.
Para além disso, de todos os amigos do meu filho, só 2 é que são filhos do casamento original...
ahahahahahhaha
ahahahhahaha
ainda estou no chão a rebolar a rir.
Sabe o que é um embrião?
Sabe porque é permitido até às 10 semanas?
Se é assim tão bom pai, pergunte aos filhos, que à partida estudaram, o porquê.